Por Pâmella Nunes
Apesar dos esforços do Mochilão Imaterial em expor o patrimônio imaterial
da Baixada ainda ficamos aquém do que gostaríamos de apresentar visto que nossa
pesquisa não é in loco. No caso de Nilópolis se tornou o desafio ainda maior,
pois o que foi encontrado é somente a versão oficial, a versão entendida pelo
governo. Evidentemente gostaríamos de ter o olhar do cidadão para que não ficássemos
reféns do visto apenas através dos detentores do poder, contudo por também ser
parte da construção simbólica dos nilopolitanos não podemos renegá-lo independentemente
de ser uma construção "de cima para baixo" ou "de baixo para cima".
Nilópolis é uma cidade com mais de 153 mil moradores e é conhecida no país
inteiro por ser a “casa” da escola de samba Beija-Flor. A Beija-flor foi abraçada como símbolo maior da cidade mostrado de forma evidente nas
cores da escola de samba pintada nos muros da estação de trem e no Beija-flor
estampado na entrada da mesma. Sendo um importante símbolo de identidade
cultural para os habitantes da cidade que se sentem orgulhosos por se sentirem
parte integrante dela, a escola é o exemplo clássico do quanto à conexão que se
faz entre a objetividade e a subjetividade do homem pode conceder a uma
localidade, grupo, atividade ou pessoa uma atmosfera identitária, tornando essa
identidade pertencente à memória coletiva.
E essa construção não vem de agora...
De acordo com o site da prefeitura, no início do século XX os blocos de
rua ocupavam lugar de honra na cidade que disputava público e atenção com o Rio
de Janeiro e nessa época, mais especificamente em 1953 o Bloco Associação
Carnavalesca Beija flor, como era chamado, já era conhecido e vitorioso e
tantos campeonatos conquistados a fez se tornar um exemplo de orgulho para os
moradores da região que acabaram criando um laço afetivo com a escola que foi
sendo transferido de geração à geração e por conta disso a cidade é vista pelos habitantes como a cidade do samba. Isso motivou o governo, em 2011, a reativar os blocos carnavalescos da
cidade como Unidos do Ponto, Bloco do Cem, Cabeludos de Olinda, Botão do Zé,
Rua Helena, Perna de Pau, Borracha, Barrigoleta, Bizorro, Caga Cebo, Às de
Ouro, Deixa Comigo, Dragão, Solidão, Bloco do Delano e Bloco do Limão, até então
deixados de lado, foi criada a Liga Independente dos Blocos Carnavalescos que
já conta com 200 cadastrados com cada bairro tendo seu bloco tendo ainda o "Carnaval pé no chão” com festas de rua patrocinadas
pela prefeitura por toda a cidade no intuito de oferecer ao cidadão aquilo com
o qual eles se identificam e tem como maior exemplo a Beija Flor.
“Nós já tivemos
desfiles, concursos e muitos blocos na rua. Agora é terminar o carnaval e já
começar a pensar no ano seguinte, pra não deixar nunca mais morrerem”, André Messias Osório, 41 anos, presidente da Liga.
Contudo, por maior que seja a representação do carnaval e da Beija Flor
para os nilopolitanos, Nilópolis não é somente isso. De acordo com o mapa
cultural do Rio de Janeiro tem como representações imateriais há cinco anos a “Feira
de Artes e Produtos Artesanais de Nilópolis” que é um tradicional mercado de
rua com comidas regionais e barracas de artesãos da cidade, e tem a “Festa do
Divino Espírito Santo de Nilópolis” que guarda a tradição dos portugueses
originários dos Açores e que é realizada pela Irmandade do Divino Espírito
Santo de Olinda, segundo distrito da cidade, preservando suas características
como distribuição aos devotos de carne, pão, cozido açoriano e leilão de
prendas e com a procissão que percorre as principais ruas de Olinda e culmina
com missa, na Igreja do Divino Espírito Santo. Além disso, a
Secretaria de Cultura apoia as tradicionais festas juninas que ocorrem
anualmente nos bairros Novo Horizonte e Minas porque, de acordo com o ex- secretário de cultura Augusto Vargas, as festas serem importantes patrimônio imaterial da
cidade e, conforme o ex-prefeito Sérgio Sessim, apoiá-las significa um compromisso
do mesmo com sua história – marcando aqui um traço identitário.
E encerro deixando uma reflexão, pois cabe ao produtor cultural refletir
constantemente sobre sua prática.
De acordo com Cássia Magald em “O direito à memória” é preciso preservar
e ter cuidado para que exista de forma livre e necessária a convivência entre o
“antigo” e o “novo” para que a cidade não se torne um ambiente hostil e
estranho à maioria da população, pois é nessa relação que reside uma parcela
importante da memória social e da identidade cultural dos habitantes e que é
primordial não pensar a cultura como política de governo.
Olá, meu nome é Danilo Sérgio e realizei o registro fotográfico da festa do Divino para a Secretaria de Cultura de Nilópolis. Algumas fotos podem ser vistas no link:
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPreciso entrar em contato com o Sr. André Messias Osório.
ResponderExcluirPreciso entrar em contato com o Sr. André Messias Osório.
ResponderExcluirPreciso entrar em contato com o Sr. André Messias Osório.
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